"Não havíamos marcado hora, não havíamos marcado lugar. E, na infinita possibilidade de lugares, na infinita possibilidade de tempos, nossos tempos e nossos lugares coincidiram. E deu-se o encontro."
Rubem Alves
Rubem Alves relata nessas palavras uma das coisas que acho mais incrível na vida: o acaso.
O encontro inesperado, as situações inusitadas, o que não foi combinado, mas tinha que acontecer.
Assisti um filme essa semana que se chama: "L´amour c´est mieux a deux", e relata a história de um rapaz que só acredita em amor verdadeiro se ele acontecer por acaso. Encontros marcados, amiga de algum amigo, nada disso funciona.
E parei para perceber que quantas vezes não imaginamos (eu imaginei..) que o amor iria nascer daquela pessoa que você conheceu na fila do supermercado, que bateu no seu carro, que te chamou por engano na rua. Não sei se é alucinação minha, mas sempre imaginei encontrar o homem da minha vida no aeroporto, pegando minha mala errada sem querer e caminhando do meu lado até a saída do saguão.
Falo por mim, mas acho lindo histórias de amor/amizade que começam "do nada", que surgiram de um encontro sem explicação, de uma conversa no banheiro (típico de nós mulheres), daquela pessoa que te confundiu com alguém, que riu para você do nada.
Hoje em dia o acaso se tornou cada vez mais escasso, criamos um medo tão grande de se envolver sem conhecer, de ir em algum lugar que não frequentamos normalmente, de ousar e se permitir. Que perdemos os pequenos momentos inusitados que a vida nos oferece.
Muita gente acredita que "nada acontece por acaso", que tudo tem um real motivo para existir.
Mas talvez a vida não seja bem assim, talvez o acaso é que seja a real razão para as coisas acontecerem. Para os encontros e re-encontros.
Quantas vezes não re-encontramos alguém por acaso, em uma tarde qualquer, e aquela pessoa nos traz tantas lembranças boas ou uma palavra que nos faz ver tudo de outra maneira.
Acho que os Titãs tinham razão quando disseram que: "O acaso vai me proteger, enquanto eu andar distraído.
